quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O lamento de deméter

Perséfone,
Por que comeste os graõs de romã,
Ó filha errante?
Tu comeste do fruto dos mortos
Portanto não poderás regressar,
Para a morada dos mortais
Enquanto te perdi
A humanidade perdeu a primavera
Pela abdução de plutão
O mundo quase se afogou em sofrimento
Ó minha donzela,
Pequena kore,por que?
E eu cantarei tua desdita
Numa sepultura,
E casada com o senhor do estige

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Domado

Domado pela cria
Que inventaste para ti mesmo
Afastou-nos de Deus
e ao pó nos atirou
- Ó mundo em perene revolução, nascimento e morte! -
Tu me fizeste caminhar
ao longo da deserta alameda
rumo à cerca de assassinos.
Foi tudo tua culpa
Homem,
acorrentado à fragilidade
dum corpo mutante e de pecado.
Agora digo,
fomos cosumidos pelo vazio
que inunda o vazio.
Somos filhos inconscientes,
fizemos o proibido,
criamos nossa perdição.
Domados pela cria,
puxados para o escuro;
Elevamos o conhecimento do bem e do mal
acima do conhecimento divino.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O ultimo presente

Jaziam em meio ao dia ensolarado
Cidades hostis e aldeias sujas
Inabitadas
Como o vermelho esfarrapado de uma nuvem ao entardecer
Um lugar sem paradoxos que já fora um lar
Ali entoava a velha cantiga da anarquia da arte
E da arte da anarquia
Uma cidade de cativante singularidade
Sua ultima noite permanecera nas memorias de todos
O ceu se cobrira de uma plumagem vivida
Para os lados do leste as penas tomaram as mais raras matizes de azul e laranja
No alto da abóboda, tudo era indescritivel,transparente
O céu parecia um segredo
O ultimo presente
Para o amanhã

sábado, 9 de julho de 2011

mundo particular

Aquele homem
Abstratamente poético e revoltante
Promulgava leis com um petulante frescor
Viajava no escuro
Sabia ser medíocre sem ser percebido
Ser feliz sem perceber
Trazia para a atmosfera social,uma atraente irrealidade
Daquelas noites indormidas,ele apenas sussurrava
Palavras indeterminadas
E continuava,com seus paradoxos e anonimatos
Distante da sociedade
Apenas com seu mundo particular
Chegando do mercado
Com morangos e uma cara espantada
Deixou cair sobre seu dorso,
o longo e velho casaco
Aquecendo-o,enquanto pensava em decisões e revisões
A tarde e o crepúsculo docemente o adormeceram
Trocando uma vida de entulhos
Por sonhos que julgo desnecessários contar
Entre a umidez e a neblina
Quatro feixes de luz
Chegam a roçar-lhe o rosto
Acordando-o de seu pequeno mundo evasivo
Para a simples tarde de Dezembro

lembranças

Lembranças são pensamentos
Um copo quebrado e uma poça de liquido prateado
Um riso abafado do corrupto padeiro
Rostos ferozes,desbotados pelo tempo na memoria
A declaração isenta de medo daquele salteador siciliano
Aquele estranho clérigo e sua retórica filosofia
Aquela ruazinha enlameada cheia de poças e lâmpadas acesas
Lembranças são labirintos de referencias e
Suspenses instigantes

homens inválidos

Sendo imundos e lúgubres
Não podem defender a respeitabilidade,com ardor e exagero
Não podem apaixonar-se à prudencia e a decência
Não podem simplesmente aproveitar o delicioso cheiro de narcisos,
espalhados pela praça
Eles que antes foram excelentes anarquistas,
agora dizem ouvir risadas maquiavélicas
Excelentes fumadores de charuto,
que agora nada mais entendem
Não sabem ler nem ouvir
Homens inválidos
Sem esperança
Não se sabe porque se tornaram assim
Uns dizem que foi a arrogância,
que os deixaram inconscientes
Outros simplesmente o tempo e a ignorância

terça-feira, 1 de março de 2011

Madeira

E,segundo diziam esses que la foram,
folgavam com eles.Neste dia os vimos
mais de perto e mais a nossa vontade,
por andarmos todos quase misturados.
Ali,alguns andavam daquelas tinturas
quartejados,outros de metades,outros
de tanta feição,como em panos de
armar,e todos com os beiços furados,e
muitos ossos neles,e outros sem
ossos.Traziam alguns deles uns ouriços
verdes,de árvores,que, na cor,queriam
parecer castanheiros,embora mais e
mais pequenos.E eram aqueles cheios
duns grãos vermelhos pequenos,que,
esmagados entre dois dedos,faziam tintura
muito vermelha,de que eles andavam
tintos.E quanto mais se molhavam,
tanto mais vermelhos ficavam.

PERO VAZ DE CAMINHA

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

menina sabia

era uma aventureira solitária
gostava de admirar só
não por preconceito intelectual e amizade
pois amigos era a joia que mais tinha
mas por jeito de pensar
ver e tocar
podia ver longe
escutar intrigas
resolver com o silencio
podia amar e ser amada
sabia odiar e ser odiada
escolher seu futuro
o dom da menina sabia
mais madura em certos aspectos
e não em outros
mesmo a menor flor
pode desabrochar e se tornar
a mais bela de todas