sábado, 9 de julho de 2011

mundo particular

Aquele homem
Abstratamente poético e revoltante
Promulgava leis com um petulante frescor
Viajava no escuro
Sabia ser medíocre sem ser percebido
Ser feliz sem perceber
Trazia para a atmosfera social,uma atraente irrealidade
Daquelas noites indormidas,ele apenas sussurrava
Palavras indeterminadas
E continuava,com seus paradoxos e anonimatos
Distante da sociedade
Apenas com seu mundo particular
Chegando do mercado
Com morangos e uma cara espantada
Deixou cair sobre seu dorso,
o longo e velho casaco
Aquecendo-o,enquanto pensava em decisões e revisões
A tarde e o crepúsculo docemente o adormeceram
Trocando uma vida de entulhos
Por sonhos que julgo desnecessários contar
Entre a umidez e a neblina
Quatro feixes de luz
Chegam a roçar-lhe o rosto
Acordando-o de seu pequeno mundo evasivo
Para a simples tarde de Dezembro

lembranças

Lembranças são pensamentos
Um copo quebrado e uma poça de liquido prateado
Um riso abafado do corrupto padeiro
Rostos ferozes,desbotados pelo tempo na memoria
A declaração isenta de medo daquele salteador siciliano
Aquele estranho clérigo e sua retórica filosofia
Aquela ruazinha enlameada cheia de poças e lâmpadas acesas
Lembranças são labirintos de referencias e
Suspenses instigantes

homens inválidos

Sendo imundos e lúgubres
Não podem defender a respeitabilidade,com ardor e exagero
Não podem apaixonar-se à prudencia e a decência
Não podem simplesmente aproveitar o delicioso cheiro de narcisos,
espalhados pela praça
Eles que antes foram excelentes anarquistas,
agora dizem ouvir risadas maquiavélicas
Excelentes fumadores de charuto,
que agora nada mais entendem
Não sabem ler nem ouvir
Homens inválidos
Sem esperança
Não se sabe porque se tornaram assim
Uns dizem que foi a arrogância,
que os deixaram inconscientes
Outros simplesmente o tempo e a ignorância